Portal da Seresta Brasileira

 

 


 
História da Seresta no Brasil

 

Domingos Caldas Barbosa

Modinha: popular, erudita, repopularizada...    
 
 A modinha passou a ser cultivada nos salões por compositores eruditos desde que o mulato carioca Domingos Caldas Barbosa a divulgara em Portugal em meados do século XVIII. Por essa razão, pesquisadores como Mário de Andrade chegaram a admitir que a modinha fosse originariamente aristocrática e só mais tarde teria caído no gosto popular, cantada ao violão por seresteiros e boêmios românticos.
 

 

         

De fato, por cerca de um século a modinha havia realmente sido a música de salão predileta dos compositores clássicos de Brasil e Portugal. No entanto, por volta de 1830, sua repopularização já vinha sendo promovida pelos poetas românticos que escreviam versos musicados não por músicos eruditos, mas por simples tocadores de violão e, assim, as composições ganharam as ruas ao som de violões e seresteiros anônimos.

Grandes poetas românticos, no Rio de Janeiro, como Laurindo Rabelo, Gonçalves de Magalhães, Casimiro de Abreu e Gonçalves Dias, costumavam reunir-se na loja do livreiro e também compositor Paula Brito, passando a compor versos que eram musicados por esses simples músicos do povo.

 

Castro Alves

 

Xisto Bahia - o pioneiro

   

Xisto Bahia

(1841-1894)

  • Meados do século XIX:  nessa época, teve grande significado a figura de Xisto Bahia (1841-1894) , um compositor baiano autodidata, de origem popular que, sendo também ator de teatro, serviu como intermediário entre a cultura popular e a da classe média, interpretando modinhas suas e alheias, de maneira especial. 
  • Seu prestígio influenciou figuras da própria elite a se lançarem autores de modinhas, como o Visconde de Ouro Preto, o historiador Melo Moraes Filho (avô do nosso querido poetinha Vinícius de Morais)  e o poeta pernambucano Plínio de Lima. Em pouco tempo, (conforme publicado na obra Donga e os Primitivos), "os seresteiros podiam contar com modinhas como a famosa  A casa branca da serra, que em 1880 Guimarães Passos compôs e cantou numa memorável noite de boêmia(...)” .
  • Xisto Bahia também compunha inspirados lundus, mas, aos poucos, foi caindo no esquecimento, porque as velhas modinhas e lundus vinham cedendo espaço a novos ritmos.
  • Quando, porém, em 1902, a Casa Edison começou a gravar os primeiros discos (antes eram usados cilindros),  seu lundu Isto é bom, interpretado pelo cantor Baiano, foi a música escolhida para inauguração do novo processo.

Página anterior: História da Seresta no Brasil - página 1