Portal da Seresta Brasileira

 

 


 
História da Seresta no Brasil

 

Carlos Poyares

Um olhar sobre as Origens do Gênero "Seresta" confirma o que dissera o grande flautista brasileiro Carlos Poyares - na apresentação de seu disco Brasil, Seresta:  no passado, grupos de músicos, saindo das festas, detinham-se às janelas de suas pretendidas, para tocar e cantar madrugada a dentro, constituindo um costume boêmio que nós herdamos, como tantos outros, da Península Ibérica. Passando a denominar-se seresta, serenata ou sereno, essas primeiras manifestações, no Brasil, fizeram-se muito antes do lampião de gás... à luz da lua..

 

A seresta jamais representou uma atividade isolada no contexto musical do País. Ao contrário, relaciona-se intimamente com outras manifestações musicais.O estilo escolhido para uma atividade de seresta pode ficar a critério ou ao gosto dos apreciadores .

 O que predomina é a linha melódica romântica, suave, envolvente... mas podem entrecruzar-se, na seresta, vários ritmos que, com arranjos devidamente adaptados, prestam-se perfeitamente a uma adorável serenata:

 - a modinha tradicional; a canção romântica;

 - o lundu (lundu-canção),o samba (samba-canção), o choro (choro-canção);

   

Teresa Alves, seresteira de  Piracicaba,

em noite de  seresta em Rio das Pedras-SP

- o bolero, a valsa, a toada, a guarânia;

 -  o fox-canção (que o diga o seresteiro que canta "Nanci"!);

 - O chorinho; esse ritmo tão especial carregado de brasilidade...

                        - até o fado, o tango! (quem não aprecia ouvir "El dia que me quieras" em ritmo de samba-canção? - especialmente se for interpretado por Teresa Alves, grande cantora piracicabana!);

 - e tantas outras que a criatividade do seresteiro inspirar...

Como tudo começou no Brasil...


                         
Durante os dois primeiros séculos  de colonização - séculos XVI e XVII, o que se ouvia em termos de música no Brasil constituía-se, além dos cânticos religiosos, nos cantos de danças rituais indígenas, nos batuques dos africanos, quase sempre também rituais, e nas cantigas dos europeus colonizadores. 
                                Os cantos indígenas costumavam ser acompanhados por instrumentos de sopro, como flautas e apitos, e por maracás e bate-pés. Nos cantos dos africanos, eram utilizados tambores, atabaques, marimbas, palmas, xequerés e ganzás. A música dos europeus, por sua vez, ainda continha ecos dos gêneros medievais: serranilhas, xácaras, coplas e romances. 
                                A interinfluência desses gêneros, concomitante com o desenvolvimento   do processo de heterogeneização da população (mistura de raças, formação de novas classes sociais, etc.) mostrou-se expressiva a partir de meados do século XVIII, fazendo-se representar pelas modinhas e lundus.

A seguir: A Modinha e Xisto Bahia, o rei do Lundu, seresteiro-pioneiro