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Durante os
dois primeiros séculos de colonização - séculos
XVI e XVII, o que se ouvia em termos de música no Brasil constituía-se,
além dos cânticos religiosos, nos cantos de danças
rituais indígenas, nos batuques dos africanos, quase sempre também
rituais, e nas cantigas dos europeus colonizadores. Os cantos indígenas
costumavam ser acompanhados por instrumentos de sopro, como flautas e apitos,
e por maracás e bate-pés. Nos cantos dos africanos, eram
utilizados tambores, atabaques, marimbas, palmas, xequerés e ganzás.
A música dos europeus, por sua vez, ainda continha ecos dos gêneros
medievais: serranilhas, xácaras, coplas e romances. A interinfluência
desses gêneros, concomitante com o desenvolvimento do
processo de heterogeneização da população (mistura
de raças, formação de novas classes sociais, etc.)
mostrou-se expressiva a partir de meados do século XVIII, fazendo-se
representar pelas modinhas e lundus.
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A modinha passou a ser cultivada
nos salões por compositores eruditos, desde que o mulato carioca
Domingos Caldas Barbosa a divulgara em Portugal em meados do século
XVIII. Por essa razão, pesquisadores como Mário de Andrade
chegaram a admitir que a modinha fosse originariamente aristocrática
e só mais tarde teria caído no gosto popular, cantada ao
violão por seresteiros e boêmios românticos.
De fato, por cerca de
um século a modinha havia realmente sido a música de salão
predileta dos compositores clássicos de Brasil e Portugal
. No entanto, por volta
de 1830, sua repopularização já vinha sendo promovida
pelos poetas românticos que escreviam versos musicados não
por músicos eruditos, mas por simples tocadores de violão
e, assim, as composições ganharam as ruas ao som de violões
e seresteiros anônimos. Grandes poetas românticos, no Rio de
Janeiro, como Laurindo Rabelo, Gonçalves de Magalhães, Casimiro
de Abreu e Gonçalves Dias, costumavam reunir-se na loja do livreiro
e também compositor Paula Brito, passando a compor versos que eram
musicados por esses simples músicos do povo.
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Meados do século XIX:
nessa época, teve grande significado a figura de Xisto Bahia (1841-1894)
, um compositor baiano autodidata, de origem popular que, sendo também
ator de teatro, serviu como intermediário entre a cultura popular
e a da classe média, interpretando modinhas suas e alheias, de maneira
especial.
Seu prestígio
influenciou figuras da própria elite a se lançarem autores
de modinhas, como o Visconde de Ouro Preto, o historiador Melo Moraes Filho
(avô do nosso querido poetinha Vinícius de Morais) e
o poeta pernambucano Plínio de Lima. Em pouco tempo, (conforme publicado
na obra Donga e os Primitivos), "os seresteiros podiam contar com
modinhas como a famosa A casa branca da serra, que em 1880
Guimarães Passos compôs e cantou numa memorável noite
de boêmia(...)” .
Saiba mais sobre
a Modinha: Cliquemusic
Você está ouvindo
LUA BRANCA, de Chiquinha Gonzaga [midi]
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