mujer /
Profundo dolor que dudes de mí / No hay pena de amor que deje entrever /
Cuando sufro y padezco por ti (...).
Por este motivo motivo diz-se que Cuba é a "Mãe" do bolero.
Surgiram dezenas de grandes compositores e intérpretes latino-americanos
como, por exemplo, Oswaldo Farrés e Gonzalo Roig (Cuba), Rafael Hernández
e Pedro Flores (Porto Rico), Agustín Lara, María Grever e Consuelo
Velasquez (México), Lucho Gatica (Chile), Mario Clavell e Gregorio
Barrios (Argentina) e tantos outros. Alguns desses mestres da música
romântica já foram inseridos na seção "protagonistas".
A seguir um resumo dos compositores, intérpretes e das obras-primas românticas
de Cuba, México e Porto Rico.
Bolero em Cuba - O primeiro bolero de fama internacional foi
Aquellos
Ojos Verdes (1929), composto pelo cubano Nilo Menéndez, enamorado
de Conchita Uretra, uma linda cubana de olhos claros. Conta o compositor
que na noite em que a conheceu, compôs a melodia e pediu ao poeta Adolfo
Uretra, irmão de Conchita, que colocasse a letra, sugerindo-lhe o tema.
Da mesma época é o bolero Quiéreme
Mucho, de Gonzalo Roig, que reflete nos versos o amor romântico
que jura permanecer por toda a eternidade: Quiéreme mucho, dulce amor
mío / que amante siempre te adoraré, / yo con tus besos y tus caricias /
mis sufrimientos acallaré... / Cuando se quiere de veras / como te quiero
yo a ti, / es imposible mi cielo / tan separado vivir...
Na década de 40 o bolero já havia se
imposto em Cuba e nesta época destacaram vários compositores como
Oswaldo Farrés, Bobby Collazo e Isolina Carrillo. Farrés fez fama com Toda
una Vida no qual repete-se o tema da promessa do amor eterno (Toda
una vida estaría contigo / no me importa en qué forma ni cuándo, ni cómo,
pero junto a ti....) além dos boleros Acércate
más, Quizás,
quizás e Tres
palabras. Bobby Collazo compõe La
última noche cantada por Pedro Vargas em 1946. De Isolina
Carrillo é o bolero Dos
gardenias em que estréia o cantor porto-riquenho Daniel Santos.
Outros compositores cubanos são José Antonio Méndez
(La
gloria eres tú), César Portillo de la Luz (Contigo
en la distancia) e Frank Domínguez cujo bolero Tú
me acostumbraste marcou época na carreira de Lucho Gatica.
Bolero no México - No final do século
XIX, através da peníncula de Yacatán, chegou ao México um ritmo de dança
chamado habanera e com ele a canção La
Paloma muito popular durante o império de Maximiliano I e Carlota.
A partir desta canção desenvolveria-se a dança mexicana de cadência
inconfundível e dela foi fácil passar ao ritmo de bolero.
Na década de 20 aparece em cena o compositor
mexicano Agustín
Lara, cujas composições levará o bolero ao auge. Compõe cerca de
500 canções das quais se estima 162 foram boleros. Com eles estabeleceu
a norma clássica do bolero, a qual consiste em 32 compassos divididos em
duas partes, os primeiros 16 em tom menor e os outros 16 em tom maior. A
mulher foi uma fonte de inspiração importantíssima em sua obra. Com uma
sensualidade exacerbada Lara fragmenta o corpo feminino em olhos, boca,
pele, voz, modo de andar, em uma tentativa de apropriar-se desse corpo
imaginado, objeto do desejo. Este se vê claramente nos boleros Palmeras
e Tus pupilas. Seguindo a tradição do amor cortês, Lara
representa a paixão amorosa como uma força insuperável e inexplicável,
ou como um destino fatal mais forte que a própria morte. E essa idéia do
amor continua viva entre os latino-americanos daí a popularidade dos
boleros de Agustín Lara. São de sua autoria os boleros famosos como Solamente
una vez, Oración
Caribe e Pecadora.
Outras figuras que se destacam na produção de
boleros mexicanos são: María Grever (Júrame
e Cuando
vuelva a tu lado), Gonzalo Curiel (Vereda tropical), Gabriel Ruiz
(Usted) e Consuelo Velázquez que fez Besame
mucho, conhecidíssimo bolero cantado no mundo inteiro.
O desenvolvimento do bolero no México também
foi impulsionado por influências estrangeiras, como o compositor
porto-riquenho Rafael
Hernández, que permaneceu neste país durante 16 anos em que compôs
uma boa parte de sua obra musical, e também da visita do Trío
Los Panchos, no final dos anos 40, criadores de um estilo
brilhante imitado por milhares de trios no mundo inteiro.
Não se pode concluir uma visão panorâmica do
bolero no México sem mencionar Armando
Manzanero, a quem devemos um rico repertório entre os mais famosos Contigo
aprendí, Adoro
e Esta
tarde ví llover.
Bolero em Porto Rico - Se o bolero está
centrado tradicionalmente em um sentimento relacionado com o amor - ódio,
incerteza, desespero, felicidade ou êxtase - o bolero porto-riquenho se
diferencia por ser fundamentalmente descritivo/narrativo. A maior parte
dos boleros que manifestam estas características foram produzidos em Nova
York nos anos 30 para um público de imigrantes recém-assentados nesta
cidade. A música era uma história que se recordava, era um ritual de
saudade da terra longínqua. Talvez Rafael Hernández e Pedro Flores,
grandes compositores de Porto Rico, foram influenciados pelo estilo do aquinaldo,
villancico e plena, três gêneros musicais porto-riquenhos
que usavam freqüentemente a narração e a descrição.
Finalmente o bolero havia procurado usar uma
linguagem culta para merecer a atenção da classe alta. De modo que era
freqüente encontrar compositores que se esforçavam por usar uma
linguagem depurada, solicitando, às vezes, ajuda de amigos poetas. Não
é de estranhar então que o bolero também se aproprie de certos rasgos
do estilo modernista. Isso se demonstra com um grupo de talentosos
compositores porto-riquenhos que abriram essa tendência, enriquecendo o
bolero com a técnica narrativo-descritiva. Entre eles, destacam-se Rafael
Hernández, Pedro Flores, Bobby Capo, Johnny Rodríguez, Tito Hernández e
Noel Estrada.
Não teria sido fácil desenvolver o bolero como
canção e como ritmo sem a intervenção de Rafael Hernández, cuja produção
musical e poética pode ter ultrapassado 2.000 canções. Compôs, em
1927, em Nova York, uma das canções mais lindas de seu repertório: Lamento
borincano. É uma espécie de canto lírico que descreve a
inconformidade que sente o autor diante da pobreza em que vive o camponês
de seu país. Como se vê na letra da música, o autor mistura a narração,
a descrição e o monólogo interior (o pensamento do personagem),
conseguindo que nos identifiquemos com o alegre jíbaro (índio,
camponês): Sale loco de contento / con su cargamento / para la ciudad,
sí, para la ciudad (...) / Y alegre, el jibarito, va, / pensando así,
diciendo así, / cantando así por el camino: / "Si yo vendo la carga
mi Dios querido / un traje a mi viejita / voy a comprar / Y alegre, también
su yegua va (....). Uma vez dados os personagens (o camponês, sua
velhinha e a sua égua), a situação concreta que se busca apresentar (a
venda de sua carga) e um tom de alegria, passa a representar, na segunda
parte da canção, um forte sentimento de tristeza, de quase desespero: Pasa
la manaña entera / sin que nadie pueda / su carga comprar, su carga
comprar / Todo, todo esta desierto / Y el pueblo está muerto / de
necesidad, de necesidad (...). A conseqüência natural desta triste
história é o lamento que se segue, com o qual o autor busca comover o público
com a injustiça social que sofre o camponês de seu país: Y triste el
jibarito va /pensando así, diciendo así, / llorando así por el camino /
Que será de Borinquen mi Dios querido!
Outro exemplo da técnica
narrativa/descritiva no bolero de Porto Rico é Bajo
un palmar de Pedro Flores. Essa técnica é empregada em muitos
boleros porto-riquenhos. Experimente dar uma olhada, por exemplo, em En
mi viejo San Juan de Noel Estrada e Desvelo
de amor de Rafael Hernández.
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