“Abraço”
Ao redor dos seus braços
Abraço o ar que lhe envolve
Perfume adocicado de menta
Recheado do sabor da sedução!
Aprisiona na luz dos seus olhos
O reflexo do amor que me
atormenta
Seus braços oásis de segurança
Seu hálito morno instiga a
imaginação!
Devora neste corpo atormentado
Aniquilado por esta dor que me
persegue
Nesta selva caótica do meu ser.
Ë
“Tributo ao Lavrador”
Derrama no chão cretado o suor,
Arranca da terra o seu sustento.
No sol causticante, retira o
doce
E o fel se espalha no seu labor.
O seu corpo magro, enjaulado,
ansia por habitar o átrio da
alma.
- piedade me livra dessa funesta
Prisão, desaloja o ser
atormentado!
Vomita desse ventre amortecido,
Sobras dos vermes da carne
podre,
- desaloja a fé desse seu
ungido!
Pensa que a morte não lhe
oprime,
Encontrará o rico na sua tumba.
Leito marmóreo fiel do seu
crime!
Ë
“Hoje tenho consciência de
que apenas garatujo poemas.
Estou apenas ensaiando nesta
vida, quisera ter mais uma vida
para poder passá-los a limpo!”
“Certo e Incerto! Presente e
Ausente!”
Rasgo o meu ventre da voraz
Concupiscência, e me nego a
ouvir
Pascal a proferir a vontade
decaída
Inserida na sociedade putrefata!
Suas palavras escapam em ruínas,
Migram para junto da
desconhecida
Língua, pronta a se mostrar
mordaz
E vociferar palavras desconexas,
Saltadas dos livros dos
teólogos.
O profano cede lugar ao divino!
O místico se ufana do capaz!
E impede a razão de existir,
O silêncio amordaça o gênio
E Deus vomita das entranhas,
Esse ser de escolhas paradoxais.
©Ana
Marly de
Oliveira
Jacobino