Humildade
& Humilhação
Um
das máximas tradicionais
estabelece uma abordagem
metafórica do conceito de
humildade na relação entre o
tronco da árvore de sândalo e o
machado.
"Seja como o sândalo -
que perfuma o machado que o fere."
- diz o ditado.
A frase enseja algumas
reflexões: por um lado pode
veicular a idéia de que aquele
que fere alguém levará consigo,
por muito tempo, a lembrança do
fato, ou o sentimento de culpa,
o tormento, etc. Por outro lado,
a mensagem mais recorrente com
que temos deparado é a da
humildade: a reação do sândalo
frente ao machado que o fere
seria de humildade, um
sentimento de nobreza, de
perdão, cristão em essência.
Entretanto, existe uma tênue
- mas fundamental - linha que
separa os conceitos de humildade
e de humilhação.
Não estaria o sândalo sendo
vítima da humilhação pelo
machado? Da humilhação levada às
últimas conseqüências...
Naturalmente, a resposta é
discutível e de difícil
consenso, porém nos remete à
reflexão entre essas duas
contingências, de etimologia
semelhante, mas de acepção
diferenciada: humildade e
humilhação.
É uma atitude de nobreza de
caráter ser humilde de coração,
mas a humilhação merece repúdio,
porque esta provém da
prepotência, da intolerância -
condições desprezíveis por
princípio.
Um ato de sincera humildade
tende a revelar um caráter
nobre.
Uma atitude de humilhação
pode desvendar um caráter podre.
Em síntese:
Humildade, sim.
Humilhação... jamais!
©Oriza Martins