QUANDO FLORA
O IPÊ
Jenário
de Fátima
Como é bonito ver o ipê que flora,
Pelo cerrado neste mês de agosto.
Com tanta seca, tanto cinza exposto
E tanta aridez pelo campo afora,
O Amarelo-Roxo, abre, revigora
Feito um doce alento a bater no rosto
Como se Deus ali tivesse posto
Um sopro de vida, num mundo que chora.
Olhando o cerrado, penso agora em mim!
Ando distorcido, ando tão descrente
Como há muito tempo, não me via assim.
Mas minha cabeça, esperançosa vê,
Que no meio de tudo in-sis-ten-te-men-te
...Flora lá bem longe...pequenino ipê...
Página
do Poeta Jenário de Fátima
FLORADAS DO IPÊ
Mirian
Warttusch
Saiba entender o que te ensina o ipê:
“As velhas mortas folhas são quimera”
Com paciência, saiba esperar você,
Exuberante, a tua primavera!
O ipê se despe, assim, despudorado,
A primavera vem, apaixonada...
Ela o seduz e deixa deslumbrado,
Carregando ao seio toda uma florada!
Beija o ipê, com tanto ou mais carinho,
Deixando-o de flores cobertinho...
Como ciumenta e zelosa amante,
À cada ano o faz mais deslumbrante!
Não sabe tola, no seu coração,
O quanto vai chamar nossa atenção!
Página de
Mírian Warttusch
Blog da
Mírian
Bosque
dos Ipês
Conceição Giacomini
Ao longe, uma
visão colore meu dia,
Um bosque altivo de ipês amarelos,
Na estrada de minha breve existência,
Mina das emoções embrutecidas.
Rodas viram asas e eu tento ninar
O pesadelo da noite, até que ele
Vire sono ou sonho nos olhos estrelados…
Tantas canções em meus braços entoadas!
entoadas!
Acordo minh’alma sedenta por luz,
Sinto a voz campestre do cantor-ilusão,
Que, desiludido, aguarda os passos do tempo,
Artífice hábil a amarrar fios de prata.
Quando pouso em campo aberto,
Sem receio, escrevo como quem foge.
Fujo como quem escreve, nesta
União de parceiros
comprometidos.
Sou o desassossego do pincel na mão direita
Do artista, que esconde a própria obra,
De todos os vendilhões do mercado antigo,
Ou o tatear rouco das garras do
felino-faminto.
Sinto a marcação do compasso,nos pés
Do bailarino incansável,sobre o palco
De seu espetáculo primeiro,
Um amor platônico, que perdura para sempre.
Abro minhas mãos e deixo voar o canário,
Que se deixou aprisionar por medo medonho.
Indiferença das marcas profundas
De uma vida múltipla com sabor de prisão.
Ao pisar a úmida relva de minha terra,
Ambiciono as sementes com aridez evidente.
Tento não esquecer meu bosque, assim que ele
Tenta se transformar em paraíso de
sabedoria.
Leia
outros poemas de Conceição Giacomini
Floradas &
Paixão
Oriza
Martins
É primavera...
Aromas e cores, aves a cantar,
Gorjeios, sussurros, ternas alvoradas...
Nos campos e praças, nas ruas, no ar,
Ipês esparramam imensas floradas...
Brancas e lilases, rosas e douradas,
As flores do ipê têm vida pequena...
Reinam pouco tempo, intensas, caladas;
Efêmeras são... mas valem a pena!
E como o ipê que explode em cores
E esvai-se no chão em breves semanas,
Também acontecem intensos amores:
Efêmeros, rápidos, em paixões humanas.
Mas no ciclo da vida germina a esperança;
Nem sempre se esgota tal cumplicidade...
De paixões e floradas ecoam lembranças;
Muitas
vezes fica, no fundo, a saudade...
E a magia que espalha em toda primavera,
O cheiro, o fascínio, a imagem do ipê;
Reacende a chama, a lembrança, a quimera,
Da paixão que um dia senti por você...
Oriza
Martins |