Ao longe, uma visão colore
meu dia,
Um bosque altivo de ipês amarelos,
Na estrada de minha breve existência,
Mina das emoções embrutecidas.
Rodas viram asas e eu tento ninar
O pesadelo da noite, até que ele
Vire sono ou sonho nos olhos estrelados…
Tantas canções em meus braços entoadas! entoadas!
Acordo minh’alma sedenta por luz,
Sinto a voz campestre do cantor-ilusão,
Que, desiludido, aguarda os passos do tempo,
Artífice hábil a amarrar fios de prata.
Quando pouso em campo aberto,
Sem receio, escrevo como quem foge.
Fujo como quem escreve, nesta
União de parceiros
comprometidos.
Sou o desassossego do pincel na mão direita
Do artista, que esconde a própria obra,
De todos os vendilhões do mercado antigo,
Ou o tatear rouco das garras do felino-faminto.
Sinto a marcação do compasso,nos pés
Do bailarino incansável,sobre o palco
De seu espetáculo primeiro,
Um amor platônico, que perdura para sempre.
Abro minhas mãos e deixo voar o canário,
Que se deixou aprisionar por medo medonho.
Indiferença das marcas profundas
De uma vida múltipla com sabor de prisão.
Ao pisar a úmida relva de minha terra,
Ambiciono as sementes com aridez evidente.
Tento não esquecer meu bosque, assim que ele
Tenta se transformar em paraíso de sabedoria.
Conceição Giacomini |