Comentários e
Curiosidades:
Baseado
no livro de Willi Heinrich, o filme dirigido por
Sam Peckinpah focaliza a Segunda guerra Mundial
sob um ponto de vista dos combatentes germânicos
e mostra toda a crueldade da guerra, desmistificando
a idéia, demonstrada em outros filmes, de que os
soldados alemães eram o símbolos de insanidade.
O filme mostra também a ambição de certos
oficiais alemães que são verdadeiros caçadores
das Cruzes de Ferro, condecoração do exército
nazista, a qualquer custo. Destacam-se as
participações de James Mason (como o melancólico
Coronel Brandt), Maximilian Schell (como o
ganancioso Capitão Stransky, caçador da Cruz de
Ferro), David Warner (como Capitão Kiesel, um
homem sem esperanças sobre o futuro da Guerra) e
,claro, James Coburn, como o principal Sargento
Steiner.
O
filme termina com a célebre frase de Bertold
Brecht, em referência ao nazismo: "Nunca
devemos clamar vitória sobre o cão bastardo,
pois a cadela que o pariu entrou no cio novamente".
Cansado
das produções do gênero de guerra que emprestam
aos soldados alemães o signo do sadismo e da
desumanidade, o genial Sam Peckinpah decide
dirigir o espetacular A Cruz de Ferro, no qual o
diretor reflete sobre os horrores da Segunda
Guerra Mundial pela perpectiva dos alemães, tão
preocupados com o destino de seu povo e
amendrontados com o morticínio quanto os aliados.
Nesse thriller de guerra, Peckinpah usa e abusa de
cenas cruéis e imagens de arquivo para compor a
grande hecatombe que foi a Segunda Guerra e
mostrar como o barbarismo desse triste episódio
da História Mundial afetou a vida e a mente de
seus protagonistas, os soldados nos campos de
batalha. É do terror psicológico sob o qual
vivem o sargento Steiner (o ótimo Coburn), um
soldado talentoso e voluntarioso, e seu pelotão,
que nasce o discurso histórico dos vencidos.
Peckinpah consegue desmontar o mito de que os alemães
foram pérfidos assassinos, únicos responsáveis
pela carnificina e que eram desprovidos de
qualquer sentimento de culpa ou arrependimento.
Assim como fez Lewis Milestone em Sem Novidades no
Front (1930), Sam Peckinpah abandona a caricatura
dos nazistas e esboça uma faceta até agora não
muito abordada no cinema: o desespero dos soldados
alemães, que foram levados a matar por uma questão
de sobrevivência e de lealdade ao seu país, porém
a sua natureza, em sua maioria, não era afeita à
crueldade da matança de seres humanos.
Em A Cruz de Ferro também está imbricada a relação
entre poder e ambição, representada em sua forma
mais vil pelo superior de Steiner, Capitão
Stransky (Schell, em atuação consagrada), um
oficial inescrupuloso disposto a tudo para ganhar
a condecoração máxima do exército nazista, a
Cruz de Ferro. É essa ambição, que leva o Capitão
Stransky a atentar contra seus próprios colegas
de regimento, a responsável pela desgraça dos
alemães e de todas as vítimas da Segunda Guerra
Mundial.
Feito caça e caçador, Steiner e Capitão
Stransky travam um duelo de vida ou morte, que tem
como cenário o campo de batalha e o barulho
incesante da artilharia russa como trilha sonora.
São duas vidas destruídas pela guerra, que em
meio a jogos de estratégia, tentam salvar os
cacos que sobraram de esperança e glória. Cacos
estes também procurados pelo melancólico Coronel
Brandt (vivido pelo magistral James Mason), outro
personagem da devastação promovida pela guerra.
Impecavelmente produzido, o filme de Peckinpah,
embora seja o mais violento do gênero, não deixa
de passar uma velada mensagem pacifista, baseada
no sofrimento dos soldados alemães. E é com o
pensamento de um alemão, o poeta e dramaturgo
Bertolt Brecht, que Peckinpah finaliza a sua obra
antibelicista: "não se alegre com a derrota
dele, jovem. Embora o mundo, erguendo-se tenha
derrubado o canalha, a cadela que o gerou está no
cio de novo". Fonte:Curitiba
Cine Club
Fontes: Submarino 2001Video
IMDb Curitiba Cine Club |